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quarta-feira, 1 de junho de 2011

O que é Música Brega?

Livro consultado
Foi justamente essa pergunta que precisei responder para apresentar um trabalho sobre Linguagens Artísticas. Foi difícil, mas eu tentei e antes que comece a questionar o tema leia e reflita. É mais complexo do que imagina-se, leia principalmente as referências e vá pesquisar, as fontes são altamente recomendáveis.

Odair José
INTRODUÇÃO

Brega é considerado por muitos como gênero musical, mas, sua conceituação como estética musical tem sido um tanto difícil uma vez que não há um ritmo musical propriamente "brega", por isso é alvo de discussões por estudiosos e gente do meio musical.  Inicialmente, o termo designava um tipo de música romântica, com arranjo musical sem grandes elaborações, e com bastante apelo sentimental, fortes melodias, letras com rimas fáceis e palavras simples, muitos a consideram como uma música supostamente de "mau gosto" ou "cafona".  Neste trabalho será desmistificada tal concepção, e serão mostrados que muito desse preconceito deriva de um discurso limitado e superficial de pessoas que se dizem especialistas musicais e pela Mídia, e que a música Brega seja ela um gênero, um subgênero ou outra uma coisa, são canções que expressão pensamentos e romantismos recheados de significados que fazem que milhares de ouvintes se identifiquem com tal melodia, canção ou até com a própria letra musical. Além de respaldar um resumo histórico, e uma análise hipodérmica desse gênero tão controverso. 

MARCO TEÓRICO
História

É recorrente o uso da palavra “brega” para designar um tipo de música ou, de maneira mais geral, uma certa estética, considerada de má qualidade. Tidos pela crítica especializada, como tecnicamente inferiores muitos cantores ligados à música popular romântica têm sido encaixados em tal estigma, e deixado para segundo plano na memória oficial da música popular brasileira. Artistas como Lindomar Castilho, Odair José, Paulo Sérgio, entre outros, cujas vendas chegaram a altos patamares nos anos 70 e 80, são raramente citados nas coletâneas, almanaques e retrospectivas sobre a música popular do período.
Wando
Em um estudo etimológico da palavra "brega", nota-se o termo é desconhecido e bastante discutido. Uma hipótese é que venha dos prostíbulos nordestinos em que esse tipo de música era usado para embalar os romances de aluguel. Outra origem provável para a palavra brega seria originária do Rio de Janeiro, como uma corruptela da gíria "breguete", palavra pejorativa e preconceituosa, usada pela classe média para designar empregadas domésticas e que, por extensão, passou a designar também seu gosto característico de origem popular.
Na década de 60, se proliferou um grande numero de músicos de diferentes gêneros, mas que apresentavam nas composições musicais, um estilo rotulado como cafona, representados por artistas que estavam divididos em três classes musicais: um grupo que cantavam o Bolero, um outro pelo o samba e por último os considerados de ritmo de baladas românticos. Como é citado, por Araújo (2005), em seu livro:

A música popular afirmava assim como grande canal de expressão de uma ampla da camada população brasileira que, neste sentido, não ficou calada, se prenunciou através de sambas, boleros e, principalmente, baladas.
Como interpretes de bolero se destacam naquele período os cantores Waldick Soriano, Nelson Ned, Lindomar Castilho e Cláudia Barroso, que seguem a tradição da influência hispânica que se faz presente no Brasil desde a década de 40. Um outro grupo vai trilhar a linha do samba, ou “sabão-jóia”, como pejorativamente eram tachados na época: Benito di Paula, Luiz Aryrão, e Wando (que até 1978 ainda não havia aderido de vez o estilo de baladas românticas). E um terceiro grupo, que engloba a maior parte destes cantores populares, vai ser expressar através de ritmo da balada, e tem entre seus principais representantes Paulo Sérgio, Evaldo Braga, Agnaldo Timóteo e outros, que são continuadores de um estilo romântico consagrado por Roberto Carlos e a turma da jovem guarda nos anos 60. (ARAÚJO, 2005, p. 19)

Porém a palavra brega, usada para designar esta vertente da canção popular, só começou a ser utilizada no início da década de 80. Ao longo da década de 70 o termo usado até então era a palavra “cafona”.
Waldick Soriano
Na década de 90, uma série de artistas passou a assumir seus ritmos musicais como "bregas". Um dos mais notórios foi Reginaldo Rossi, auto-proclamado "Rei do Brega". Dentro da tradicional linha romântico popular, Reginaldo Rossi mantinha-se como uma espécie de "contraponto nordestino" para Roberto Carlos, inclusive se apropriando do título de "rei" que já acompanhava o companheiro de Jovem Guarda. A canção "Garçom" transformou-o subitamente em sensação no Sudeste, ajudando a detonar uma onda de reavaliação do brega. Inclusive, ainda no final dos anos 90 e inicio da década seguinte, surgiu uma mania, onde vários artistas de âmbito nacional, de outros gêneros, começaram  a re-gravar grandes sucessos musical de cantores Bregas, como Caetano Veloso - o cantor baiano, que já havia gravado em 1982 a canção "Sonhos", de Peninha, re-gravaria em 2004 "Você não me ensinou a te esquecer", famosa canção de Fernando Mendes. Nos anos 2000, outros "cafonas" receberam reconhecimento, como Odair José, que ganhou álbum-tributo do qual participam Pato Fu, Mundo Livre S/A e Zeca Baleiro. Grupos como o paulistano Vexame e o carioca Os Copacabanas, especializaram-se em re-gravar sucessos do repertório popular "cafona" de Amado Batista e Reginaldo Rossi. Pelo lado do pastiche e da sátira, estes grupos algum sucesso dentre platéias mais intelectualizadas no Sudeste brasileiro. Na mesma linha, o cearense Falcão e, principalmente, os paulistas Mamonas Assassinas obtiveram grande êxito comercial.
Reginado Rossi
A mídia sempre restringiu espaços para o Brega, principalmente a mídia do SUL e SUDESTE do país, porém essa restrição não impediu que o Brega de se tornar popular, como cita Raquel Sant’Ana:
 Com a restrição dos espaços disponibilizados pela mídia, os artistas e admiradores do “brega” estabeleceram, no Rio de Janeiro, um verdadeiro circuito alternativo que inclui barracas de rua, bares e casas de show de periferias ou mesmo o “Centro de tradições nordestinas Luiz Gonzaga”, a famosa “Feira de São Cristóvão” (Sant’Ana, 2009)
Voltando ao termo Brega, sua conceituação é muita relativa, uma vez que cada um concebe essa estética musical de forma diferente, assim como cada um classifica determinados artistas como pertencentes a esse universo musical de acordo com o seu ponto de vista. Comumente nos referimos a determinados artistas ou bandas como bregas. Frisando isso, podemos relacionar a fala de Souza (2009):
Preferimos encarar a música brega como uma estética musical que existe inexistindo, ou seja, ao mesmo tempo em que concebemos a sua existência ao opinarmos sobre suas características enquanto um universo musical, além de elencarmos determinados artistas como seus representantes, por outro lado, impossibilitamos determinar de forma precisa à existência que nós próprios concebemos a esse estilo musical, visto que cada um opina de forma diferente ao argumentar sobre alguns caracteres desse gênero musical, assim como polemizamos ao determinarmos quais artistas poderiam ser considerados como bregas ou não. (SOUZA, 2009, p. 4)

Ou seja, o fato de associarmos esses representantes à música brega significa que querendo ou não, consolidamos a existência dessa estética musical. Do contrário, não encontraríamos títulos de artigos científicos ou jornalísticos que ao discutirem sobre esse estilo musical, associam essa música como música brega.

Música Brega e suas vertentes

A contemporaneidade possui uma dinâmica cultural super ativa que reduz às linhas fronteiriças dos contextos locais. Incorporando milhares de culturas do mundo, essa contemporaneidade estabelece contatos com a diversidade cultural. Nesse contexto, as culturas passaram a se interagir em âmbitos que transcendem às próprias localidades. Não diferente com o brega, tal gênero musical passou por grandes modificações onde foi incorporado a sua estética características de outros gêneros musicais, adicionado-o batidas e ritmos de outras regiões, tanto nacionais como internacionais.  O tecnobrega , por exemplo, de acordo com o site do bregapop (2007), além de ter uma influência da Jovem Guarda, incrementou batidas eletrônicas, como o Calypso. Além do Tecnobrega, existe também o Melody, o Eletro Melody, e o Funk Melody.   
Esses subgêneros, inicialmente, restrito a circuitos de bailes e shows, chamados "bregões" em casas noturnas da periferia belenense, a cena adquiriu grandes proporções regionais com as "aparelhagens" (grandes e potentes sistemas profissionais de som) das grandes festas populares, freqüentadas por milhares de pessoas, geralmente caracterizada por músicas típicas da região Norte, alguns sucessos da música pop (nacional e internacional) e ritmos caribenhos.
A mistura desses sons influenciou novas vertentes praticadas pelos artistas "bregas" que surgiam. Fora do âmbito da indústria fonográfica nacional, a produção musical "brega" paraense era distribuída diretamente por vendedores ambulantes e camelôs, consolidando um mercado alternativo para esse movimento, regionalmente batizado como "brega pop". Com letras que ainda mantinham em geral a carga romântica, embora freqüentemente se desvie para erotização explícita, refletida até mesmo na coreografia dos dançarinos que acompanha a malícia da música, o "brega pop" é caracterizada por um ritmo mais acelerado, com ênfase no acorde das guitarras. Embora tenha se desenvolvido no mercado paralelo das periferias, o "brega pop" transformou-se em um negócio lucrativo e reconquistou espaço nas mídias locais, com presença na programação das grandes rádios comerciais. Embora algumas grandes bandas do "brega pop" ganhassem projeção nacional, e até mesmo internacional, a grande maioria se seus músicos ainda se encontram em carreiras restritas e se mantendo dentro dos circuitos de bailes de periferia. Em suma, o brega nasceu e sobrevive dessa constante mistura de ritmos, sempre se reinventando e enfrentando a polêmica de ser aceito.

Panorama Atual em Pernambuco

Foi nas regiões Norte e Nordeste que o "brega" resistiu e se consolidou como uma grande força musical. Embora as emissoras de rádios e as grandes gravadoras passassem a ignorar sua existência, os artistas "bregas" continuaram produzindo e assimilando novas influências. Mesmo com limitações de capital de investimento e suporte técnico, esses músicos mantiveram um público significativo nas periferias urbanas destas regiões, fora do campo de cobertura cultural da mídia hegemônica.
Ingresso para um show de "Brega"
Porém, atualmente em Pernambuco o ritmo Brega, vem sofrendo com a sua banalização, isto é, estão surgindo “artistas”, que se denominam cantores de Tecnobrega, que apresentam músicas com letras apelativas para o erotismo, apologia a violência e o crime. Sendo assim, está se reforçando a ideia que o Brega é algo inferior e o inverso de cultura, sendo considerado também a ideia que o Brega é destinado para pessoas da chamada classe C, o “povão”. As camadas populares aceitaram positivamente essa onda de músicas com apelo à erotização juvenil, e a mídia continua vinculando a ideia de inferiorização desse ritmo, generalizando o Brega como música que transgridem os padrões sociais, rotulando-o como canção ridícula, erótica, e apologética ao crime e ao preconceito.
Devemos refletir sobre tais afirmações, uma visão limitada de algo pode ser perpetuado como verdade, e como foi visto neste trabalho, o brega é um termo de grande expressão cultural genuinamente popular, brasileiro e original. Não se deve estereotipar e nem generalizar, como a mídia sempre fez injustamente com o Brega. Infelizmente existe sim, músicas atuais no panorama pernambucano proliferando em suas letras pornografias e outras coisas, mas isso não abrange a todos os representantes do Brega. Ainda há a canção Brega com letras expressivas, sensíveis, românticas e até criticas, podendo ela ser ritmada, eletrônica ou simples, então devemos separar tais conceitos, e de nenhuma forma generalizar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não dá mais para resistir e nem esconder o poder de popularização que o BREGA possui, assim como o Tropicalismo ou a Bossa Nova o brega é uma realidade cultural, sendo assim devemos buscar informações acerca desse gênero, pois fazem parte da nossa história musical brasileira.
E em relação às novas vertentes do Brega, são nada mais que uma forma de continuar vivo, apesar de muita gente preferir o brega mais “tradicional”, esse novos subgêneros do brega são a prova da criatividade de se renovar e acompanhar  as novas tecnologias.
Já se tratando das músicas com letras consideradas eróticas e que fazem apologia ao sexo entre jovens, ao preconceito de gênero ou de orientação sexual, entre outras coisas, o que devemos ter é uma mente aberta e ter a clareza das reais características que categorizam o gênero, pois com certeza saberá fazer tal dicotomia entre as canções realmente bregas e as canções que se favorecem de sua popularidade, pegando carona e desmoralizando a originalidade e criatividade do querido estilo musical chamado: Brega.    


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ARAUJO, Paulo César de. Eu não sou cachorro, não. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.

SANT’ANA, Raquel.  "Muito Romântico": sobrevivência do "brega"e brechas na indústria cultural. XIII Encontro de história Anpuh-Rio. 2009.

SOUZA, Vinícius Rodrigues Alves de.  A existência inexistente da música brega. V ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Salvador, 2009.

OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

Um comentário:

Sacramentos e Penitências