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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Indústria Cultural?


Quer mesmo saber? Então preste atenção no vídeo abaixo, e me responda o que entendeu deixando um comentário.


Esse vídeo foi produzido para um seminário sobre: A teoria de indústria cultural.

terça-feira, 17 de maio de 2011

RESENHA DO FILME: BRUNA SURFISTINHA

Tive que produzir, no curso de Comunicação social, uma resenha sobre algum filme atual, então Bruna Surfistinha foi uma ótima pedida, no entanto, acabei achando o filme legal e por isso, vou disponibilizar pra vocês essa tal resenha:

O Filme Bruna Surfistinha foi dirigido por Marcus Baldini que é Formado em Rádio e TV pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).  Acumula grande experiência em direção e montagem de filmes publicitários. Antes de chegar ao Grupo Dinamo, trabalhou na MTV, na S Filmes e na TV Zero, onde atuou em campanhas para empresas como Vésper, Kaiser, Folha de S. Paulo, Natura e Grendene, que lhe renderam alguns prêmios nacionais e internacionais. O filme Bruna Surfistinha é sua primeira experiência com longa metragem baseado no livro: O doce veneno do Escorpião: o diário de uma garota de programa, escrito por Bruna Surfistinha. 
Deborah Secco vive a "Bruna Surfistinha"
Bruna Surfistinha é um longa de gênero Drama, tem a duração de 1 hora e 49 minutos e foi lançado no ano de 2011, son., color, produzido pelo estúdio: TV Zero | Damasco Filmes e RioFilme (coprodutores), sua distribuidora é a Imagem Filmes. Tem a direção de Marcus Baldini e como roteiristas Antonia Pelegrinno, Homero Olivetto e José Carvalho, baseado em livro de Raquel Pacheco. Tem como responsáveis pela produção: Rodrigo Letier, Roberto Berliner e Marcus Baldini e fotografia: Marcelo Corpanni e direção de arte:  Luiz Roque, e por fim como editor Manga Campion. 
O Filme conta a história de Raquel, interpretada pela atriz Déborah Secco, que é uma jovem da classe média paulistana, que estuda em um colégio tradicional da cidade. A princípio o filme trás as confissões da adolescente em relação aos sentimentos que possuía pelos pais e seu irmão, mostrando o que lhe incomodava em conviver com sua família, mostrando a indiferença de seu pai, a super proteção da sua mãe e a esnobação do seu irmão. Raquel que apresenta ser uma garota introspectiva, não possuía amigos na escola além de receber várias provocações de seus colegas de turma. Tudo isso, a motivou a fugir de casa e se envolver no mundo da prostituição. 
No segundo desfecho do longa metragem, já é mostrado a iniciação de Raquel como prostituta e sua inexperiência com o mundo do sexo, neste período Raquel adota o pseudo-nome de Bruna, porém o decorrer da trama a garota começa a se desenvolver muito bem e fazer sucesso entre os clientes. Ao mesmo tempo o filme apresenta como é a rotina das garotas de programas trazendo os dramas e o cotidiano enfrentado por essas mulheres. E também apresenta como foi a inclusão de Raquel no mundo das drogas. 
      No terceiro momento, é trazido o ápice da trama, onde Raquel se destaca ainda mais nesse mundo do sexo. Ela consegue aumentar o “padrão” do atendimento dos seus clientes e começa a divulgar o seu trabalho como prostituta através de um Blog, onde descrevia o perfil de seus clientes e detalhava suas experiências com eles, e começa atendê-los em um apartamento alugado por ela na área nobre da cidade, com a ajude de uma amiga que conhecera na antiga casa de prostituição, conseguem tornar Bruna ainda mais famosa, e ela também adotando o codinome de Surfistinha, ficando assim conhecida como Bruna Surfistinha, nesta parte do longa também mostra o relacionamento de Bruna com um dos seus clientes, o Hudson, onde ambos percebem que entre eles há algo a mais do que sexo, nesse momento o mesmo propõem algo mais sério entre eles, mas o pedido é recusado por Bruna. 
Livro que inspirou o filme
    Na quarta e última parte, o final, mostra-se a decadência da personagem, Bruna se torna cada vez mais dependente das drogas, se torna uma pessoa arrogante fazendo as pessoas que lhe rodeiam se afastarem, inclusive sua amiga e sócia Gabi. De um modo geral esta parte do filme mostra a queda de Bruna Surfistinha com a diminuição de atendimentos de clientes. E é neste momento que Bruna busca auxilio ao lado do Hudson e pela primeira vez lhe diz o seu nome verdadeiro, nessa cena final deixa à entender ao espectador, que Bruna volta a ser a jovem Raquel, deixando a vida de prostituta.  
O filme traz à tona, temas bastante polêmicos: Prostituição e drogas. Lógico que o foco maior é a prostituição. Falar de sexo no Brasil é um tabu, nossa sociedade finge ser cheia de pudores. Por isso, a prostituição é vista como sinônimo de pobreza, ou seja, a prostituta é o que é porque não tinha uma opção, então quando Bruna Surfistinha apareceu como prostituta, mesmo sendo uma garota da classe média, bonita, inteligente e de boa educação, muita gente ficou chocada, pois quebrou uma ideia que se tinha da prostituição, com isso surge a dúvida: o que leva uma pessoa a vender o sue próprio corpo? A resposta pra isso é de inúmeras alternativas, mas o filme traz muito bem explicado, com o caso de Raquel Pacheco a Bruna Surfistinha, um caso verídico.  
Quanto aos pontos positivos, o filme é agradável, pois não possui apelo ao pornográfico, mesmo tratando da temática da prostituição. A atriz Deborah Secco incorpora muito bem o personagem da Bruna. E o filme é bem sucedido quando mostra quais sentimentos levou a jovem Raquel a abandonar sua família e “abraçar” a prostituição detalhando os passos que a levaram a se tornar a Bruna Surfistinha, dando ênfase a evolução da garota tímida e introspectiva até ser tornar uma garota sem pudores e ousada. E sem falar da trilha sonora que considerei excelente se encaixou muito bem em todo o filme. Em suma, Raquel Pacheco é famosa por ter quebrado tabus e esse filme mostra que apesar disso ela não passa de uma pessoa comum que passou por situações comuns e que como qualquer outra garota precisava de apoio familiar, por causa dessa carência de afeto acabou buscando isso em outro âmbito, na prostituição.  
Verdadeira Bruna Surfistinha (Raquel)
Como críticas negativas, tenho a destacar primeiramente o fato de o filme ter tido um final acelerado. Essa falta de conclusão da trama deixou a história um pouco vaga, outro ponto também que merece destaque como falha é a ausência de discussão sobre a vida sexual de Raquel antes de se tornar a Bruna surfistinha, isso absolutamente não foi mostrado no filme. O longa também não deu destaque ao sucesso do blog e nem tocou no assunto sobre o livro, algo que acredito ser de extrema importância, pois o livro é Best seller brasileiro. Outro aspecto também negativo são as cenas exageradas de sexo, que acredito que acabaram desnecessárias e ocuparam muito tempo do filme.
Enfim, o filme tem suas falhas, mas mesmo assim isso é superado pela excelência da direção,  da produção do filme e pelas ótimas atuações dos atores. Essa obra cinematográfica tem a classificação etária de 16 anos, mas é altamente recomendável para adolescentes e principalmente para adultos que são pais. O filme, Bruna Surfistinha, pode ser considerado importante e é uma boa indicação para se discutir sexo, drogas e prostituição. Tornando-o assim uma obra recomendável e de grande utilidade educativa que aborda temas atuais e importantes para refletir sobre a complexidade que é a formação do caráter humano que é um indivíduo mutável e altamente complexo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

RESUMO DO LIVRO: Preconceito lingüístico: O que é, como se faz. De Marcos Bagno.

Acredito que muita gente já leu ou ouviu falar deste livro, no mínimo algum professor já deve ter indicado ou comentado sobre ele, bem, é um ótimo livro. Comprei ele em 2007 devido um trabalho para a faculdade, porém depois disso o guardei na gaveta onde ficou lá "dormindo" até este ano. No primeiro momento eu gostei da obra, entretanto não sou amante de leitura então nunca adoto nenhum livro como preferido ou releio, seja ele qual for, porém novamente à pedidos de um outro curso que estou fazendo fui obrigada a ler novamente para resumi-lo, no entanto, não sei se foi porque estava lendo pela segunda vez, ou porque o livro é altamente riquíssimo, só sei que eu encontrei detalhes relevantes que antes passara por despercebido. Nossa! o livro é muito mais maravilhoso do que realmente acreditava que fosse, como é possível que eu não tenha lhe dado o seu verdadeiro valor? Então, como meio de remediar a minha falta de consideração por uma obra genuinamente brasileira, disponibilizo uma síntese muito mais que compacta, mas com os pontos que defendo como mais relevantes para que todos percebam como a temática apresentada pelo livro é algo tão antigo e atual ao mesmo tempo e que está inserido "hipodermicamente" em nossa sociedade e que merece ser discutido e refletido seriamente. Um livro que realmente entende a língua dos brasileiros. leia, reflita e deleite-se.


CAPÍTULO I

A Mitologia do Preconceito Lingüístico: mitos

Existe uma tendência em lutar contra os mais variantes tipos de preconceito, mostrando que nenhum deles tem fundamento ou justificativa. Porém, essa tendência ainda não atingiu o preconceito lingüístico, e o que vemos é ele se alimentando diariamente em programas de TV, rádio, jornais, revistas e principalmente os livros didáticos. O mito de que a língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente é o mais sério dos mitos que compõem o preconceito lingüístico no país. Isto porque mesmo que a língua falada pela população seja o português esse idioma apresenta um alto grau de diversidade, sendo causado tanto pela grande extensão territorial do país com pela grande injustiça social. Porém, a autora Stella publicou em seu artigo alertando sobre a ideia de que no Brasil somos monolinguistas, mas não possuímos uma homogeneidade lingüística. Brasileiro não sabe português/Só em Portugal se fala bem português essas duas opiniões refletem o complexo de inferioridade de sermos até hoje uma colônia dependente de um país mais antigo e mais "civilizado". O brasileiro sabe português sim. O que acontece é que o nosso português é diferente do português falado em Portugal. A língua falada no Brasil, do ponto de vista lingüístico já tem regras de funcionamento, que cada vez mais se diferencia da gramática da língua falada em Portugal. Na língua falada, as diferenças entre o português de Portugal e o português falado aqui no Brasil são tão grandes que muitas vezes surgem dificuldades de compreensão. O único nível que ainda é possível uma compreensão quase total entre brasileiros e portuguesa é o da língua escrita formal, porque a ortografia é praticamente a mesma, com poucas diferenças. Concluí-se que nenhum dos dois é mais certo ou mais errado, mais bonito ou mais feio: são apenas diferentes um do outro e atendem às necessidades lingüísticas das comunidades que os usam, necessidades lingüísticas que também são diferentes. "Português é muito difícil" essa afirmação consiste na obrigação de termos de decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós. No dia em que nossa língua se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém continue a repetir essas bobagens. Todo falante nativo de um língua sabe essa língua, pois saber a língua, no sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela. A regência verbal é caso típico de como o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. Por mais que o aluno escreva o verbo assistir de forma transitiva indireta, na hora de se expressar passará para a forma transitiva direta: "ainda não assisti o filme do Zorro!" Tudo isso por causa da cobrança indevida, por parte do ensino tradicional, de uma norma gramatical que não corresponde à realidade da língua falada no Brasil. As pessoas sem instrução falam tudo errado. Isso se deve a crença que não é linguística, mas social e política as pessoas que dizem Cráudia, Praca, Pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite, e por isso a língua que elas falam sobre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada pobre, quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola. Assim, o problema não está naquilo que se fala, mas em quem fala o quê. Neste caso, o preconceito lingüístico é decorrência de um preconceito social. "O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão". Na realidade o Maranhão ainda usa o pronome tu, que está em extinção na fala brasileira. Somente por esse arcaísmo, na língua falada se acha que o neste estado brasileiro se fala melhor o Português. Sendo assim, o que acontece com o português do Maranhão em relação ao português do resto do país é o mesmo que acontece com o português de Portugal em relação ao português do Brasil: não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente "melhor", que outra. Toda variedade lingüística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. Quando deixar de atender, a ela inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar à novas necessidades. "O certo é falar assim porque se escreve assim" – o que acontece é que em toda língua mundo existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua de modo idêntico. A ortografia oficial é necessária, mas não se pode ensiná-la tentando criar uma língua falada "artificial" e reprovando como "erradas" as pronúncias que são resultados naturais das forças internas que governam o idiomas. "É preciso saber gramática para falar e escrever bem". É difícil encontrar alguém que descorde dessa afirmação. Mas, por que tal declaração é um mito? Porque, segundo Mário Perini em Sofrendo a gramática (p.50), "não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário". Afinal, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores, e os bons escritores seriam especialistas em gramática. A gramática normativa é decorrência da língua, é subordinada a ela, dependente dela. Como a gramática, porém, passou a ser um instrumento de poder e de controle. A língua passou a ser subordinada e dependente da gramática. "O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social", esse mito tem muito que ver com o primeiro, porque ambos tocam em sérias questões sociais. A transformação da sociedade como um todo está em jogo, pois enquanto vivermos numa estrutura social cuja existência mesma exige desigualdades sociais profundas, toda tentativa de promover a "ascensão" social dos marginalizados é, senão hipócrita e cínica pelo menos de uma boa intenção paternalista e ingênua.
CAPÍTULO II

Os mitos analisados são transmitidos e perpetuados por um mecanismo chamado de círculo vicioso do preconceito lingüístico que é formado pela união de três elementos: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos.  Porém existe um quarto elemento, os comandos pragmáticos, que são todos os arsenais de livros, redações jornalísticas, manuais, programas de rádio e de televisão, colunas de jornais e revistas e entre outros. Seria muito importante se esse poder dos meios de comunicação fossem usados para a destruição dos mitos do preconceito linguístico, mas não é assim. Para os comandos pragmáticos não faltam exemplos, como: o professor Napoleão Mendes de Almeida, o maior propagador do preconceito linguístico, além de manifestar em seus textos o seu profundo preconceito social, ele defendia que o estudo da linguística é fixar inúteis bizantinices onde realizava suas idéias sem nenhum fundamento cientifico. Na mesma linha de pensamento Luiz Antonio Sacconi publicou o livro “Não erre mais”, onde apresenta inúmeros erros dos fenômenos lingüísticos, e erros de conduta: preconceituosas e antiéticas. E por fim, a ultima investigação de presença do preconceito lingüísticos em comandos pragmáticos se usará uma coluna de jornal de Dad Squarisi, onde a autora parece concordar com o Presidente da época Fernando Henrique Cardoso que acusou os brasileiros de serem todos caipiras em sua declaração numa visita a Portugal. Neste texto, Squarisi consegue exercer todas as formas de preconceito lingüístico. Isto tudo só reflete a ignorância da autora em desconhecer a complexidade dos fenômenos lingüísticos.


CAPÍTULO III

Devemos reconhecer que existe atualmente uma crise no ensino da língua portuguesa. E professores já reconhecem que a gramática normativa já não é a única fonte de explicação para os fenômenos linguísticos.  A norma culta assim como a saúde, alimentação, educação, habitação, transporte e entre outros, não estão acessíveis a todos. Podemos identificar três problemas básicos: o primeiro que a quantidade injustificável de analfabetos no Brasil, em segundo que pode ser por razões históricas e culturais e por ultimo ao dilema relativo à norma culta que designa pelos conservadores o uso de uma lingüística inspirada no português de Portugal que não corresponde à língua efetivada aqui pela maioria dos brasileiros. É necessário separa o ideal do real e para isso é preciso empreender a identificação e a descrição da verdadeira língua falada e escrita pelas classes cultas do Brasil, é uma tarefa que já está sendo feita, mas ainda não são de acesso fácil, pois está em uma linguagem técnica e exige o rigor cientifico. Mas enquanto não fica acessível é preciso já ir combatendo todo esse preconceito lingüístico. O professor em vez de só repetir deve refletir, ou seja, o professor não deveria limitar-se a transmitir a velha doutrina gramatical normativa. É necessário questionar. Nessa nova postura o professor deve sempre procurar acompanhar os avanços das ciências da linguagem e da educação. Produzindo o seu próprio conhecimento da gramática. Para romper o círculo vicioso é preciso rever toda uma série de velhas opiniões formadas. Os métodos tradicionais de ensino da língua no Brasil visam a formação de professores de português. O ensino da gramática se dá numa obsessão terminológica, paranóia classificatória e apego a nomenclatura. Tudo isso não garante que o aluno será um usuário competente da língua culta. Outra forma de romper com círculo vicioso do preconceito lingüístico é reavaliar o conceito de erro. Em cartazes quando aparecem “erros” não são de português são “erros” de ortografia. Ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna. Em relação à língua escrita, é pedagogicamente melhor definir erro como tentativa de acerto. A escrita é uma forma de analisar a língua falada. Neste caso o papel do professor será de conscientizar o aluno de que a língua é um grande guarda roupa. Ninguém vai de maiô ao shopinng center, nem via à praia em dia quente usando terno de lã. Usar a língua tanto a modalidade oral como a escrita é encontrar o equilíbrio entre adequabilidade e o da aceitabilidade.

CAPÍTULO IV
O ensino da língua na escola é a única disciplina em que existe uma disputa entre duas perspectivas distintas: a doutrina gramatical tradicional, do século III a.C., e linguística moderna, do final do século XIX a início do XX. A gramática tradicional  permanece forte ao longo da história. Mas, querer cobrar atualmente os mesmos padrões linguísticos do passado é querer preservar idéias, mentalidades e estruturas sociais do passado. O novo assusta porque compromete as estruturas de dominação.  Por isso, ainda se vê a imprensa brasileira tentando preservar noções conservadoras de “certo” e “errado”. O grande problema está na confusão que predomina na mentalidade das pessoas que atribuem uma “crise” a língua, mas a crise existe é na escola, em nosso sistema educacional, considerado uns dos piores do mundo. Achar que a língua está em crise e que para superá-la é preciso sustentar a doutrina gramatical, essa atitude só pode ser explicada como ignorância científica ou desonestidade intelectual que é fato de mesmo depois de entrar em contato com a ciência linguística, finge que não a conhecer. Essa oposição à ciência linguística está viva até hoje.  Napoleão Mendes de Almeida é um exemplo de conservador e intolerante que possui uma postura anticientífica, seu português já foi chamado de ortodoxo. O conceito de ortodoxo tem noções de dogma, intolerância, castigo, pecado e outras aparentadas. Se ainda é possível falar em “português ortodoxo” é porque deve existir na mente de seus defensores a ideia de que o oposto desse português ortodoxo é um “português pecador”.  Porém, o “português ortodoxo” pode ser visto diferente como Pasquele Cipro Neto, que classifica como ortodoxo o português mais certa que a língua dos gramáticos profissionais. Em um caso de preconceito linguístico, não por discriminação, mas por omissão. O projeto de lei de 1999 sobre “a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa” o deputado Aldo Rebelo, não faz nenhuma referência aos cientistas da linguagem. Dos poucos citados uma é Machado de Assis que na citação Machado desmente cada uma das ideias contidas no projeto. E os outros autores são jornalistas, o único autor que realmente tem a ver com o estudo é, Napoleão Mendes Almeida. A situação desse projeto de lei tem manifestado diversas opiniões de linguistas contra, mas ninguém dá ouvido. É o caso de perguntar: Por que toda e qualquer pessoa se acha no direito de dar palites preconceituosos sobre questões que dizem respeito a língua? Por que profissionais de outras áreas conseguem se fazer ouvir, mas os linguistas não? Será que eles não dão conta de seu papel social e político? A quem interessa manter calado os estudiosos da língua?