A desproporção entre aumento de salário e aumento de preços

Não precisa ser formado em Economia para perceber que existe uma discrepância entre o aumento dos preços e os reajustes salariais. Se o aumento dos preços de mercadorias for superior aos dos salários não vai adiantar muita coisa, no final do mês ficará em evidência a falta de proporção entre ambos os valores. Há toda uma cautela, por parte das autoridades em oferecer um reajuste salarial, mas por outro lado não se observa uma preocupação do próprio Estado em estacionar ou diminuir os preços das mercadorias. Nesse caso, só cabe ao próprio trabalhador questionar e lutar pelos seus direitos.

É notável em noticiários ao falar sobre o aumento de salários, sempre surgem analistas econômicos alertando que um aumento de salário sem planejamento pode causar um aquecimento do mercado com o alto consume e consequentemente elevar a inflação. Porém, não se comenta nada sobre as conseqüências do fato dos altos preços e de um reajuste de salários injusto. Ouvimos os governantes discursando sobre a importância de uma elaboração de planejamento minucioso para fornecer um reajuste salarial correspondente ao preço das mercadorias. E no setor privado é que a coisa piora, quase que os reajustes não acontecem, e quando acontecem não correspondem ao que se diria como o certo.

Sendo assim, os trabalhadores é que vão sentir no bolso, literalmente, as conseqüências da falta de consideração sobre os direitos que o regem. Tal situação espreme o cidadão ao máximo, e nesse caso é preciso uma luta em conjunto para reivindicar o que é de lei, salários dignos. Uma prova de luta foi no final do semestre passado onde uma manifestação que reuniu cerca de três mil trabalhadores, em Brasília. O objetivo das centrais sindicais é de começar a pressionar pela concessão de reajustes salariais acima da inflação para o semestre entre outros benefícios para os trabalhadores. Não posso afirmar que eles conseguiram o que lutavam, mas posso dizer que eles fizeram o que deveria realmente ser feito, a luta por seus direitos.

Em suma, usando uma linguagem matemática para entender esse fato, é que não adianta muita coisa se os salários aumentam em Progressão Aritmética já que os preços aumentam em Progressão Geométrica. Há uma relação desproporcional entre um e outro, e quem mais sente essa desproporção é o trabalhador quando o mesmo realiza as suas compras mensais, seja de alimentos ou de algum bem mais durável. É preciso averiguar o por quê há aumentos de preços e o por quê a resistência em oferecer um salário justo por direito ao trabalhador. Ou seja, o que não pode ocorrer é acomodar-se, aceitar tal situação, pelo contrário é necessário mobilização para ter aquilo que é por lei nosso direito como trabalhador, ter vida digna e no mínimo confortável.