Anjo no nome, Angélica na cara.

Anjo no nome, Angélica na cara,

Isso é ser flor, e Anjo juntamente,

Ser Angélica flor, e Anjo florente,

Em quem, senão em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara

De verde pé, de rama florescente?

E quem um Anjo vira tão luzente,

Que por seu Deus, o não idolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares,

Fôreis o meu custódio, e minha guarda

Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,

Posto que os Anjos nunca dão pesares,

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda

(Gregório de Matos)

Apenas alguém que conheci (BestFriends)

O que fazer quando aqueles melhores amigos, se tornam apenas mais um rostinho familiar em nossas vidas? (pergunta retórica)

A princípio, começa-se como uma grande ligação, um grupo grande de amigos que com o passar do tempo algumas pessoas se afastam e outras se tornam ainda mais próximas. Para os que se tornam mais íntimos as afinidades são evidentes e percebemos que temos mais algo em comum com esses amigos do que com os nossos próprios familiares.  As brigas são tão inevitáveis quanto as reconciliações. Chega em um ponto na amizade que um acaba que adivinhando o pensamento do outro e vise e versa. São numerosos os momentos em que é quase impossível não terminar a frase um do outro.  Na roda de amizade alguém sempre tem a sensação de que é preciso planejar um evento incluindo os seus amigos, pois pelo contrário não teria graça.

Mas como tudo na vida há um fim, sempre acontecerá essa separação tão drástica. Os amigos seguirão caminhos diferentes, conhecerão outras pessoas, farão parte de outras rodas de amizade. É claro que sempre existirão aquelas tentativas frustradas de manter a conexão com alguns telefonemas curtos. Mas as ligações telefônicas ficarão cada vez mais decrescentes, se restringindo as novidades depois só as datas comemorativas até chegarem ao patamar de torpedos de aniversários atrasados que só foi lembrado devido a rede social que fez o alerta.

Daquele grupo anterior de amizade só restarão as memórias e o ingênuo sonho de que no futuro estariam todos juntos, e que sempre marcariam para se encontrar pra falar dos amores e das amarguras da vida. Porém, com a falta desses reencontro, até as memorias vão ficando escassas, cada dia a mais em nossas vidas é uma lembrança a menos em nosso reservatório de recordações felizes. Aqueles grandes amigos tornam-se apenas mais um rostinho conhecido. Amigos para sempre acaba por se tornar mais uma frase vazia e clichê que só serve pra pôr em cartão de amizade de criança quando ainda desconhece a realidade e acredita-se em Papai Noel.